sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Não aceitamos alegação de que "pedofilia é cultural", diz relator da CPI

  • Senador Demóstenes Torres (DEM-GO), à esquerda, e o presidente da CPI da Pedofilia, Magno Malta (PR-ES), com o relatório da comissão
O relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), afirmou nesta quinta-feira (16) que se recusa a aceitar a alegação de autoridades do Estado do Pará de que a “exploração sexual de menores de idade é uma questão cultural”. O relatório final da CPI foi aprovado nesta tarde, mostrando que o Pará tem casos de pedofilia em todos os seus municípios.
“Isso é algo que nós não aceitamos: exploração de criança e adolescentes não pode ser cultural e há conivência de autoridades, do Poder Judiciário. Um deputado, inclusive, foi condenado” disse o parlamentar após a entrega e aprovação de seu relatório da CPI, com mais de 1.600 páginas.
O ex-deputado estadual citado por Torres é o paraense Luís Afonso Sefer, preso no Estado do Rio de Janeiro, em maio do ano passado, sob acusação de atentado violento ao pudor e de estupro. Ele era acusado de ter praticado durante três anos consecutivos abusos contra uma jovem que trabalhava na casa dele.  
“Com mais ênfase ainda estamos solicitando ao Tribunal [de Justiça do Pará] que crie uma câmara, uma vara especial para que estes processos sejam julgados de forma prioritária, porque o que nós verificamos é que há, no mínimo, leniência do Poder Judiciário no julgamento destes casos e pode até implicar em conivência”, destacou o democrata. 
Ao longo dos 33 meses de trabalho da CPI, Torres destaca que entre os principais feitos da comissão, estão a criação e modificações na legislação e os acordos de cooperação com empresas de internet, como o Google, operadoras de cartões de crédito e empresas de telefonia, que fornecessem sistematicamente informações de suspeitos às polícias civil e federal e ao Ministério Público para as investigações sobre casos de pedofilia.
“Nós modificamos a lei, por exemplo, para permitir que, aquele que teve relação sexual com adolescente em situação de prostituição ou situação de risco ou qualquer outro ato sexual, que ele possa ser punido com a pena de até 10 anos e que antes não era punido”, exemplificou. 
Durante o período de trabalho da CPI, foram ouvidas 200 vítimas, feitas 18 diligências fora de Brasília, 10 prisões e onze projetos de lei foram apresentados, além de um que obteve sanção presidencial – a Lei 11.829 de 25 de novembro de 2008.  
A proposta rendeu o prêmio "Mundial de Telecomunicações e Sociedade da Informação 2009", concedido pela UIT (União Internacional de Telecomunicações) em maio de 2009, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reconhecimento às políticas federais de inclusão digital e de combate à pornografia infantil na internet.
"Conseguimos constatar este monstro e conseguimos ao longo dos quase três anos, chamar a sociedade para dentro disso juntamente com todas as forças pautamos uma sociedade que denuncia, que fala. Hoje tem pedófilo preso todo dia”, avaliou o presidente da CPI, o senador Magno Malta (PR-ES).
De acordo com o relatório da comissão, foram recebidas mais de 900 denúncias deste tipo de crime por meio do “Disque-Denúncia”, do “Disque-100”, pela internet e por informações recebidas pela polícia durante o tempo de funcionamento da CPI.

Diante a revoltante declaração de Autoridades do Pará, a escritora e crítica literaria Sônia van Dijck, escreve:



Pois é. Chegamos a tal grau de cinismo que, no Pará, o crime não passa de "questão cultural". Pois é. No Pará, as autoridades, que recebem polpudos salários pagos pelos contribuintes, consideram a pedofilia apenas como uma manifestação cultural. A Ética, no Brasil - Pará, acaba de inaugurar o cinismo como princípio e a pedofilia como legitíma manifestação cultural.
Por favor repassem a matéria, pois nossos amigos que têm crianças e adolescentes devem cancelar viagens turísticas ao Pará; o Brasil é grande e não é tão importante assim visitar o Pará, estado onde crianças e adolescentes não têm respeito e podem ser abusadas sexualmente.
Que no Pará impere o crime cinicamente admitido, é problema dos paraenses que votam em seus deputados (federais e estaduais), em seus senadores, em seu governador - no fundo, cada comunidade tem as lideranças que merece (pois as escolhe a cada eleição).
Nada podemos fazer para mudar a situação das crianças e dos adolescentes que têm o azar de nascer paraenses. Mas, podemos não ir ao Pará em viagem turística, levando crianças ou adolescentes. Se os adultos paraenses continuam votando em políticos que sofrem de priapismo e que acobertam outros muitos bacanas e poderosos incontinentes sexuais, não é problema que possamos resolver. Só os pais paraenses podem dar um ponto final à pedofilia oficial e cínica, pois eles são eleitores.
Por favor, repassem, para que nossos amigos não escolham o Pará como destino turístico. Pedofilia é crime hediondo. Crime não é manifestação cultural. Pedofilia é crime. Não sejamos tolerantes - nossas crianças e nossos adolescentes dependem de nossa atitude vigilante e decidida. Precisamos parar de ser tolerantes com o crime. O crime suja todos nós - é preciso entender essa verdade. O Brasil é grande - o Pará é só um pedaço do Brasil e ninguém tem a vida arrasada se não for ao Pará. O Pará aceita a pedofilia - e isso não se refere apenas às miseráveis crianças e aos adolescentes nascidos lá. O cinismo é institucionalizado no Pará - lá vale quem tem dinheiro.
O Pará é um dos estados do Norte que elegeu Dilma Rousseff presidente. Sinto-me muito à vontade para perguntar à presidente eleita o que ela pensa fazer diante desse descalabro do Pará. O que ela pensa fazer diante da perdição de nossas crianças e de nossos adolescentes para a pedofilia (que além da pedofilia "doméstica" [praticada por pai, padrasto, tio ou pessoa amiga da família] é um dos braços do crime organizado no Brasil). Não quero acreditar que o silêncio dos socialistas militantes do PT e de partidos aliados pretenda fazer "vistas grossas" à pedofilia oficializada - se isso acontecer, nem vai restar sociedade civil constituída para o domínio do socialismo petista, pois não restará vestígio de moralidade - e bem sei que qualquer estado socialista é sempre moralista....
 A pedofilia é ainda um crime silencioso e impune. A pedofilia é um crime nogento.
Sônia van Dijck

2 comentários:

  1. A Constituição afirma que o DEVER de PROTEGER é do ESTADo, o estado afirma ser CULTURA (hábitos familiares), o empurra empurra...

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  2. Quem tolera a pedofilia e ousa declarar que se trata de uma "questão cultural" torna-se cúmplice deste crime horrendo.
    Com razão, o escritor e pacifista israelense Amós Oz colocou esta pertinente questão: " A tolerância deve-se tornar intolerante para se proteger da intolerância?"
    Sim, sem dúvida! A tolerância é fundamental, nos tempos que correm, mas tem LIMITES. Parafraseando José Saramago, "A tolerância pára no limiar do crime. Não se pode ser tolerante com o criminoso. Educa-se ou pune-se."
    Como se pode declarar que a pedofilia é uma "questão cultural", se ela empurra crianças e adolescentes para indizíveis situações de sofrimento (ameaças terríveis, perseguições, tortura, etc.) que os marcam para toda a vida?!...
    Felicito a CPI pela sua luta contra este inqualificável crime. Que o apelo de Sônia van Dijck seja ouvido! Que os paraenses consigam alcançar o discernimento de que precisam, para jamais votarem em indivíduos destituídos de sentimentos, ou seja, monstros que atacam os seus próprios filhos e vivem do meganegócio da pornografia pedófila! Que ninguém negligencie as responsabilidades que lhes cabem no que está a acontecer no Pará!
    Profundamente chocada com tal declaração, envio um abraço solidário para todas as vítimas desta barbárie.

    Maria João Oliveira

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