quinta-feira, 5 de maio de 2011

Prostituição infantil no Brasil: um desafio nacional.

A prostituição infantil no Brasil é um problema tão frequente quanto grave, especialmente em locais com condições socioeconômicas desfavoráveis. Muitas vezes as crianças são levadas a essa atividade pelos próprios pais ou por aliciadores. Nesse cenário, operadores de turismo despejam semanalmente nas cidades brasileiras milhares de europeus em busca de sexo barato, principalmente no Nordeste. O problema já estaria levando o Brasil a alcançar a Tailândia como o principal destino mundial do turismo sexual.
Com o apoio dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema Prostituição infantil no Brasil: um desafio nacional. Não se esqueça de apresentar propostas de ação social que respeitem os direitos humanos.



Uma menina vestida com um pequeno biquíni expõe seu corpo frágil. Ela não parece ter mais do que 13 anos, mas é uma das dezenas de garotas andando pelas ruas à procura de clientes debaixo do sol da tarde. A maioria vem das favelas da região. [...]
"Oi, meu nome é C. Você quer fazer um programa?", ela pergunta. C. pede menos de R$ 10 por seus serviços. Uma mulher mais velha chega perto e se apresenta como mãe da menina.
"Você pode escolher outras duas meninas, da mesma idade da minha filha, pelo mesmo preço", ela diz. "Eu posso levar você a um motel local onde um quarto pode ser alugado por hora."
[...]
Motoristas de táxi trabalham com as garotas que são jovens demais para entrar nos bares. Um deles me oferece duas pelo preço de uma e uma carona para um motel local.
"Elas são menores de idade, então são muito mais baratas que as mais velhas", explica ele ao me apresentar S. e M.
Nenhuma delas faz nenhum esforço para esconder sua idade. Uma delas leva consigo uma bolsa da Barbie, e as duas se dão as mãos com um olhar que parece aterrorizado diante da perspectiva de um potencial cliente.

As jovens passam a madrugada na BR-101 e revelam o que fazem. “A gente faz programa. Cada um é R$ 20”, conta uma delas. [...] As jovens se oferecem: “Vamos fazer um programa?”.
Para as meninas, tempo também é dinheiro, e se o cliente demora para se decidir, elas vão embora. Mas não vão para casa. A moradia é improvisada em um imóvel abandonado às margens da rodovia. Depois de um pequeno descanso, voltam ao trabalho já depois do sol raiar.
[...]
Tudo acontece a poucos metros do prédio da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal. E o pior: as meninas que fazem sexo na BR-101 em troca de dinheiro são menores de idade.
Uma mulher que, por medo, esconde o rosto, desabafa: “É uma prostituição a noite toda, para lá e para cá. Tem garotinho de 9 anos usando drogas e fazendo aviãozinho. Além da prostituição infantil, existe a droga, de todo tipo que vocês possam imaginar”.
            Um levantamento feito em 66 mil quilômetros de rodovias federais identificou 1820 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes e a maioria deles, 67,5%, ficam em áreas urbanas. O mapeamento foi feito pela Polícia Rodoviária Federal, em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, a Organização Internacional do trabalho, e a Childhood Brasil, e apresentado nesta quarta-feira em São Paulo.
            De acordo com o levantamento, os cinco estados com maior número de locais vulneráveis são justamente os que detêm as maiores malhas viárias; Nos principais eixos rodoviários do país estão 45,7% dos pontos identificados. Segundo a PRF, são normalmente estradas que ligam regiões mais desenvolvidas a outras menos desenvolvidas.
            Entre 2005 e 2010 foram recolhidos e encaminhados a Conselhos Tutelares 2036 meninos e meninas encontrados em locais deste tipo. No total, 951 pessoas foram presas em flagrante.
            Os locais identificados como de risco para a prostituição infantil concentram ainda outros ilícitos, como venda e consumo de drogas, prostituição e tráfico de seres humanos. Em maioria, são locais onde estão presentes caminhoneiros.
 
O número de denúncias sobre exploração da prostituição infantil encaminhadas pela população do Estado (do Rio de Janeiro) ao Disque-Denúncia aumentou em 34,90% em 2011  [...]. Em 2010, foram 1378 denúncias de abuso sexual, exploração sexual e pornografia infantil, contra 1859 do ano anterior.


A cidade de Buenos Aires, na Argentina, está contratando ex-garotas de programa para ajudar a combater a prostituição infantil. O projeto, que é da Secretaria de Desenvolvimento Social, começou com dez mulheres que recebiam um salário mensal equivalente a R$ 1 mil.
“Com a ajuda das ex-prostitutas já conseguimos retirar cerca de 110 jovens das ruas, que se prostituíam ou vinham sendo explorados sexualmente”, afirma Miguel Sorbello, coordenador do projeto e assistente social da divisão da Infância e Adolescência da secretaria.
Sorbello disse ainda que o resultado tem sido positivo e que a previsão é contratar mais dez mulheres e cinco travestis para integrar a equipe. “Como elas conhecem os códigos (da prostituição e da exploração sexual) melhor do que um assistente social, tivemos a ideia de contratá-las. Elas se aproximam dos jovens e afirmam, por exemplo, que agora que têm 30 ou 40 anos e veem que não valeu a pena seguir aquele caminho”.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

La lucha contra la desnutrición y la creación de capacidad para la salud infantil en la capital de Haití

Imagen del UNICEF
Gracias a UNICEF y sus aliados, muchas madres de Puerto Príncipe son más conscientes ahora de los peligros que hasta la desnutrición leve supone para el bienestar y desarrollo físico y mental de sus niños en la primera infancia.
En Haití, la desnutrición es la principal amenaza para la salud infantil. No menos de 300.000 niños haitianos padecen desnutrición crónica y la mitad de las muertes infantiles en el país está provocada por la desnutrición.
La organización no gubernamental UNASCAD (Unión de los amigos socioculturales para la acción en desarrollo) se dedica a sensibilizar a la comunidad sobre estas cuestiones. El grupo es uno de los aliados locales más exitosos de UNICEF en la promoción de una dieta sana para algunas de las familias más vulnerables de Haití, que todavía viven en campamentos como consecuencia del terremoto de enero de 2010.
Refugios seguros para madres y niños
"Hace tan sólo medio año no sabíamos casi nada sobre la desnutrición", dice Joseph Severo, representante de UNASCAD. "Hoy, educamos y ayudamos alrededor de 2.000 mujeres en nuestras cinco tiendas de campaña para bebés de Puerto Príncipe".
Las tiendas de campaña para bebés son refugios seguros para las mujeres de los campamentos: lugares donde encuentran a otras madres o mujeres embarazadas, intercambian experiencias y consiguen el consejo profesional de las enfermeras. En la tienda de campaña del UNASCAD en el campamento para desplazados de Caradeux, cerca del aeropuerto de Puerto Príncipe, hay mucho ajetreo con mujeres embarazadas, madres jóvenes y niños, que forman parte de la enorme población del campamento.
Imagen del UNICEF
"Vengo aquí al menos dos veces por semana", comenta Yfolene Louis, una madre de 30 años que tiene tres hijos. "Asistí a sesiones de formación donde me dijeron qué comer durante el embarazo. También aprendí que es necesario amamantar exclusivamente a mi niño hasta los seis meses de edad, con el fin de prevenir enfermedades. Yo no sabía esto cuando mis otros hijos eran bebés".
La promoción de la salud y la igualdad
La creación de capacidad de las ONG locales y las instituciones gubernamentales centra las actividades de UNICEF en Haití para 2011. Representa el instrumento más poderoso para crear acceso equitativo a los servicios de asistencia médica y un cambio sostenible.
"La creación de capacidad es un proceso largo pero es alentador ver mejoras del programa como resultado de nuestro apoyo y colaboración" expresa Leslie Koo, Especialista de Nutrición de UNICEF.
Koo añade que una de las labores más importantes de UNICEF es ayudar a que sus aliados se conviertan en expertos técnicos. "Tenemos que asegurarnos de que las madres y futuras madres tengan contacto con la información adecuada durante las sesiones de formación, y que esta información se difunda a tantas personas como sea posible", expone Koo.
Tras haber colaborado estrechamente con UNICEF mediante las diferentes etapas de su formación, UNASCAD es ahora casi completamente autosuficiente.
Imagen del UNICEF
"Nuestra organización no gubernamental también estaba implicada antes del terremoto aunque sobre todo con el VIH/SIDA. No creo que nunca hayamos logrado tanto en tan poco tiempo", comenta Joseph. "UNICEF no nos da sólo el dinero, también nos apoyan con consejos sobre gestión".
Alimentación terapéutica
Mientras que se ha corrido la voz en el campamento de Caradeux acerca de la tienda de campaña para bebés y los servicios prestados, todavía hay algunas madres con niños gravemente desnutridos que ignoran la relación directa que existe entre el debilitado estado de sus niños y las prácticas de nutrición deficientes.
Cherline Noël con sus dieciocho meses de edad, sus piernas débiles y ojos hundidos es un duro ejemplo de los efectos de la desnutrición grave.
"Acabamos por encontrarnos a Roslande Noël, la madre de Cherline, fuera, durante una visita a otra madre en su tienda de campaña", recuerda Joseph. "Tenemos la suficiente experiencia ahora para reconocer inmediatamente a niños gravemente desnutridos y Cherline definitivamente es uno de ellos".
Cherline será remitida a un centro de tratamiento de desnutrición aguda donde seguirá recibiendo la alimentación terapéutica.
"Nuestro trabajo no se detiene en esta tienda de campaña", manifiesta Joseph "todos los días, recibimos a mujeres que han oído sobre nosotros a través de sus amigos o vecinos. Quieren saber si atienden a sus niños correctamente y de qué manera pueden hacerlo mejor".

Por Benjamin Steinlechner

terça-feira, 3 de maio de 2011

Children’s Rights are at the heart of ‘Business’

 


© UNICEF/INDA2010-00091/Crouch
Ravi Kumar, 14, shows a hand scarred from manual farm labour. He now attends a school in Karnatarka, India that is supported by the IKEA Social Initiative and UNICEF to give child labourers an opportunity for a brighter future. 
UN Global Compact, UNICEF and Save the Children are inviting businesses and civil society to take an active role in developing a global standard of business principles pertaining to children’s rights. Through an online consultation process, which is launched today, representatives of the private sector and civil society can help shape the Children’s Rights and Business Principles, which aim to set the standard for child-friendly businesses everywhere. At the same time, leading business and civil society representatives are meeting in London for the first of a series of global consultations.

“Sustainability at its heart is about inter-generational accountability, how we prepare the world for our children and theirs in turn. Business has a key role to play in operationalizing this in how they value and manage their impact on children’s lives, today,” said Simon Zadek, Senior Fellow, JF Kennedy School of Government, Harvard University.
The Children’s Rights and Business Principles (CRBP), to be launched this November, will be the first comprehensive set of principles to guide companies on the full range of actions they may take in the workplace, marketplace and community to respect and support children’s rights.

The private sector can make an important contribution towards the realization of child rights not only through its own practices and policies, but also by using its influence to change attitudes, policies and institutions.

This timely initiative addresses a void in children’s rights, and also reflects a rising interest within the corporate sector to move beyond the “do no harm” mentality and help foster child-friendly environments within stronger, more resilient communities.  Aside from the moral imperative of protecting children, the principles also make good business sense.
“While the culture of corporate sustainability has broadened considerably in recent years, a child rights perspective is often absent during discussions regarding the human rights responsibilities of business,” said Christopher L. Avery, Director of the Business & Human Rights Resource Centre, which is hosting the consultation.

Supporting the Children’s Rights and Business Principles can help companies minimize material risks and discover new business opportunities. Research suggests that child-friendly policies and practices may be indicative of good corporate governance and better risk management - enhancing brand value, increasing employee satisfaction, driving consumer loyalty, and contributing to more sustainable value creation in the long term.

Intended to be a unifying point of reference for the impact of business activities on children, the Principles aim to cover a broad range of categories, including:

- respecting and protecting children’s rights in the  workplace and supply chain 
- establishing family-friendly working conditions that support parents or caregivers
- ensuring that products and services to which children may be exposed are safe, don’t impact children’s lives negatively and are marketed in an ethical manner
- considering the impact of business activities on their surroundings, safeguarding the environment for future generations, and making sure business operations do not result in the displacement of communities

“The CRBP provides business with a principles-based framework and a practical pathway to become a beneficial force for children, maximizing their positive impacts and minimizing any negative impacts of their operations, products and marketing practices,” added Zadek.

About the Children’s Rights & Business Principles
The Children’s Rights & Business Principles (CRBP) is a joint initiative by UNICEF, the UN Global Compact and Save the Children to offer guidance to businesses on children’s rights in the workplace and beyond. Based on extensive consultations with business and civil society stakeholders from all geographic regions the principles will enable the private sector to maximize positive impacts on children’s lives by respecting and supporting their rights. The CRBP will be released in November 2011. Stakeholder participation in the consultation process is strongly encouraged. Please visit (http://www.business-humanrights.org/) for more information and to participate.

domingo, 13 de março de 2011

Crianças e adolescentes flagrados em situação de abandono em Manaus


MANAUS – O Conselho Tutelar da capital registrou seis casos de crimes contra crianças e adolescentes na orla de Manaus. O número divulgado nesta sexta-feira  é referente ao primeiro dia da operação desencadeada em parceria com o Centro Operacional de Apoio Operacional à Infância e Juventude e Promotorias de Justiça Especializadas. Todos estavam relacionados a abandono intelectual, possível exploração sexual e mendicância.


As vítimas têm entre três meses e 17 anos de idade. Segundo o coordenador dos Conselhos Tutelares de Manaus, João Furtado, elas foram encaminhadas para a Central de Atendimento Emergencial (CAE), a antiga Central de Resgate, onde aguardam o comparecimento dos pais para assinarem uma notificação de responsabilização pela integridade dos filhos. Caso contrário, os responsáveis podem responder legalmente por abandono.

Entre os casos registrados, ainda segundo João Furtado, está a de uma mãe que estava pedindo esmolas com um bebê de colo, de apenas três meses de idade. Além de dinheiro, ela também recolhia frutas e verduras para revender.

Os conselheiros tutelares também registraram um caso de abandono intelectual, ou seja, além do trabalho infantil, ao qual a criança era obrigada pelos pais, ela também não estudava.

sábado, 12 de março de 2011

BANALIDADE E SENSIBILIDADE
 
 

Por Ruy Castro 

 A 30 de junho de 1960, a comerciária Neyde, 23 anos, pegou na escola Taninha, 4, filha de seu amante, o motorista Antonio, que se negava a abandonar a família por ela. Levou Taninha para os fundos do matadouro da Penha, deu-lhe um tiro na nuca, jogou álcool na menina e incendiou-a.
Neyde foi presa e, nas primeiras 12 horas, negou com firmeza a acusação. Mas, por algum motivo, contou tudo a um radialista presente no interrogatório. Pela frieza com que falou, foi chamada de "Mulher-monstro", "A Besta Humana" e, por fim, "A Fera da Penha". Condenada a 33 anos, cumpriu 15 e saiu por bom comportamento. Hoje, aos 72 anos, vive reclusa na pacata Cascadura. Os vizinhos conhecem sua história e seu apodo -quem não?
A 28 de fevereiro último, em Duque de Caxias, outra menina, Lavínia, 6, foi sequestrada e morta pela amante de seu pai -num quarto de hotel, estrangulada com o cadarço do próprio tênis. Luciene, a amante, confessou. Não tão friamente quanto Neyde, mas, como esta, ao sair da delegacia também ouviu gritos de "Lincha!" e "Assassina!".
A associação entre os dois casos é óbvia e tem sido feita. Mas apenas porque, em 1960, a história da "Fera da Penha", com seu tom da grega "Medeia", era mesmo impressionante, e talvez nos chocássemos mais. Os jornais levaram um ano escrevendo todo dia sobre ela, a ponto que, cinquenta anos depois, continua atual. Mesmo hoje, ao chamar Luciene de "Fera de Caxias", é da "Fera da Penha" que se está falando.
Doze dias depois do fato, a "Fera de Caxias" ainda está nos jornais e TVs. Mas seu espaço no noticiário já diminuiu. Mais um pouco desaparecerá e, em breve, terá sido esquecida. É nossa sensibilidade que está encolhendo a olho nu. Temo que, no futuro, ninguém mais se impressione e, por banais, deixemos de tomar conhecimento de notícias outrora chocantes como esta.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

ONG exige afastamento de prefeito acusado de abuso sexual

[Eduardo Zeferino- abutre de Anjos]


O presidente da ONG MT contra a pedofilia, Toninho do Gloria voltou a defender o afastamento prefeito Eduardo Zeferino (PR), de Dom Aquino (166 km ao Sul de Cuiabá), acusado de e abusar sexualmente de, pelo menos, cinco meninas com idade entre 7 e 10 anos.

Toninho declarou nesta terça-feira (19) que é de fundamental importância ações contra a pedofilia no interior de Mato Grosso, onde também é grande o registro de casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes. “Queremos o prefeito fora da prefeitura. Queremos uma CPI. Só a Câmara de Vereadores pode tirá-lo de lá. Se o prefeito não sair da prefeitura saberemos quem são os vereadores que representam a população. O queremos é. O prefeito fora já”, afirma o presidente da ONG MT contra a pedofilia.


O diretor do portal http://www.todoscontraapedofiliamt.com.br/,João Batista de Oliveira,também manifestou sobre o assunto e destacou que o silêncio do poder legislativo nos trás uma profunda revolta, hora gente estamos falando de 5 meninas entre 7 e 10 anos,conforme o site MidiaNews destacou com exclusividade em agosto passado.


E supostamente de outras 11 crianças que possivelmente poderia ter sido molestadas pelo prefeito. De acordo com a Polícia, as outras vítimas são crianças de 7 a 11 anos, que participaram de um projeto social criado pelo prefeito, denominado "Batutinha".


Batista considera que, como não há pena de morte no Brasil, a castração química é o mínimo de punição que deveria ser aplicada a um pedófilo e seus cúmplices que preferem ficar no silêncio. Para o diretor do site, é importante que haja conscientização das famílias, já que a maioria dos casos ocorre dentro de casa. Ainda segundo o diretor, a mídia do estado de Mato Grosso tem feito parte, tem demonstrado que realmente são parceiro na luta contra esses monstros.


Para o presidente da ONG MT Contra a Pedofilia, Toninho do Gloria, a divulgação de casos de pedofilia em veículos de comunicação tem apresentado resultados positivos no combate ao crime contra as crianças e adolescentes. “Está deixando de ser um tabu e a imprensa tem sido é uma grande aliada para desmistificar o assunto.
As informações são da assessoria.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Muito mais que pedofilia



As notícias sobre pedofilia, envolvendo membros do clero, difundiram-se de modo insistente. Tristes fatos, infelizmente, existiram no passado e existem no presente; não preciso discorrer sobre as cenas escabrosas de Arapiraca...
A Igreja vive dias difíceis, em que aparece exposto o seu lado humano mais frágil e necessitado de conversão. De Jesus aprendemos: “Ai daqueles que escandalizam um desses pequeninos!” E de S.Paulo ouvimos: “Não foi isso que aprendestes de Cristo”.

As palavras dirigidas pelo papa Bento XVI aos católicos da Irlanda servem também para os católicos do Brasil e de qualquer outro país, especialmente aquelas dirigidas às vítimas de abusos e aos seus abusadores.
Dizer que é lamentável, deplorável, vergonhoso, é pouco! Em nenhum catecismo, livro de orientação religiosa, moral ou comportamental da Igreja isso jamais foi aprovado ou ensinado! Além do dano causado às vítimas, é imenso o dano à própria Igreja.

O mundo tem razão de esperar da Igreja notícias melhores: Dos padres, religiosos e de todos os cristãos, conforme a recomendação de Jesus a seus discípulos: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles, vendo vossas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus!” Inútil, divagar com teorias doutas sobre as influências da mentalidade moral permissiva sobre os comportamentos individuais, até em ambientes eclesiásticos; talvez conseguiríamos compreender melhor por que as coisas acontecem, mas ainda nada teríamos mudado.

Há quem logo tem a solução, sempre pronta à espera de aplicação: É só acabar com o celibato dos padres, que tudo se resolve! Ora, será que o problema tem a ver somente com celibatários? E ficaria bem jogar nos braços da mulher um homem com taras desenfreadas, que também para os casados fazem desonra? Mulher nenhuma merece isso!
E ninguém creia que esse seja um problema somente de padres: A maioria absoluta dos abusos sexuais de crianças acontece debaixo do teto familiar e no círculo do parentesco.
O problema é bem mais amplo!

Ouso recordar algo que pode escandalizar a alguns até mais que a própria pedofilia: É preciso valorizar novamente os mandamentos da Lei de Deus, que recomendam atitudes e comportamentos castos, de acordo com o próprio estado de vida. Não me refiro a tabus ou repressões “castradoras”, mas apenas a comportamentos dignos e respeitosos em relação à sexualidade.
Tanto em relação aos outros, como a si próprio. Que outra solução teríamos? Talvez o vale tudo e o “libera geral”, aceitando e até recomendando como “normais” comportamentos aberrantes e inomináveis, como esses que agora se condenam?

As notícias tristes desses dias ajudarão a Igreja a se purificar e a ficar muito mais atenta à formação do seu clero. Esta orientação foi dada há mais tempo pelo papa Bento XVI, quando ainda era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Por isso mesmo, considero inaceitável e injusto que se pretenda agora responsabilizar pessoalmente o papa pelo que acontece. Além de ser ridículo e fora da realidade, é uma forma oportunista de jogar no descrédito toda a Igreja católica. Deve responder pelos seus atos perante Deus e a sociedade quem os praticou. Como disse S.Paulo: "Examine-se cada um a si mesmo. E quem estiver de pé, cuide para não cair!"

A Igreja é como um grande corpo; quando um membro está doente, todo o corpo sofre. O bom é que os membros sadios, graças a Deus, são a imensa maioria! Também do clero!
Por isso, ela será capaz de se refazer dos seus males, para dedicar o melhor de suas energias à Boa Notícia: para confortar os doentes, visitar os presos nas cadeias, dar atenção aos abandonados nas ruas e debaixo dos viadutos; para ser solidária com os pobres das periferias urbanas, das favelas e cortiços; ela continuará ao lado dos drogados e das vítimas do comércio de morte, dos aidéticos e de todo tipo de chagados; e continuará a acolher nos Cotolengos criaturas rejeitadas pelos “controles de qualidade” estéticos aplicados ao ser humano; a suscitar pessoas, como Dom Luciano e Dra. Zilda Arns, para dedicarem a vida ao cuidado de crianças e adolescentes em situação de risco; e, a exemplo de Madre Teresa de Calcutá, ainda irá recolher nos lixões pessoas caídas e rejeitadas, para lavar suas feridas e permitir-lhes morrer com dignidade, sobre um lençol limpo, cercadas de carinho.
Continuará a mover milhares de iniciativas de solidariedade em momentos de catástrofes, como no Haiti; a estar com os índios e camponeses desprotegidos, mesmo quando também seus padres e freiras acabam assassinados.

E continuará a clamar por justiça social, a denunciar o egoísmo que se fecha às necessidades do próximo; ainda defenderá a dignidade do ser humano contra toda forma de desrespeito e agressão; e não deixará de afirmar que o aborto intencional é um ato imoral, como o assassinato, a matança nas guerras, os atentados e genocídios.
E sempre anunciará que a dignidade humana também requer comportamentos dignos e conformes à natureza, também na esfera sexual; e que a Lei de Deus não foi abolida, pois está gravada de maneira indelével na coração e na consciência de cada um.

Mas ela o fará  com toda humildade, falando em primeiro lugar para si mesma, bem sabendo que é santa pelo Santo que a habita, e pecadora em cada um de seus membros; todos são chamados à conversão constante e à santidade de vida. Não falará a partir de seus próprios méritos, consciente de trazer um tesouro em vasos de barro; mas, consciente também de  que, apesar do barro, o tesouro é precioso; e quer compartilhá-lo com toda a humanidade.
Esta é sua fraqueza e sua grandeza!

Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo